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segunda-feira, março 17, 2008

Sobre preconceitos e intolerâncias

A garota da foto ao lado é Liad Kantorowicz. Ela é uma israelense de 30 anos que se propôs uma experiência inusitada: vestir-se como palestina durante um mês e tentar levar uma "vida normal" na cidade de Tel Aviv, em Israel.

Hoje li no portal de notícias G1 um relato sobre sua experiência. O texto conta que, apesar de já esperar reações de racismo, Liad ficou chocada com a intensidade delas, narrando alguns desses episódios. (Vale a pena ler a reportagem completa. Para isso, clique aqui.)

Trancrevo abaixo apenas o trecho que, por motivos óbvios, chamou mais a minha atenção

De acordo com Liad, o momento mais doloroso da experiência ocorreu em uma boite gay.

"Dava para cortar o ar de tanta tensão, todos os olhares se voltaram para mim quando entrei na boite, que supostamente deve ser um lugar de tolerância".

Liad diz ter sentido olhares hostis, que claramente diziam que ela não era bem-vinda e dois homens jovens chegaram a agredí-la verbalmente, gritando: "como você ousa usar o símbolo do Islã neste lugar impuro?".

Segundo ela, eram dois gays palestinos, que se faziam passar por israelenses, que quase a agrediram fisicamente.

"Eu os levei para fora (da boite) e expliquei o objetivo da minha experiência. Um deles começou a chorar, acho que o fiz perceber a contradição em que vivia".


É de fazer refletir bastante sobre as contradições e ambigüidades em que grande parte dos "colegas" vivem atualmente. Mas, principalmente, vale para mostrar o quão hipócrita é cobrar dos outros aceitação e tolerância quando boa parte da "classe" se corrói entre intrigas e discriminação contra seus "iguais".

A Liad, meus parabéns!

segunda-feira, março 10, 2008

Algumas formas de violência - post compilado

Inicialmente quero explicar porque o post abaixo desapareceu. Minha intenção era relatar um acontecimento ocorrido há alguns dias com um grande amigo, destacando que apesar do tom ficcional da narrativa, tratava-se de fato real. Entretanto, em respeito a este mesmo amigo (um dos poucos amigos da cidade que têm acesso a este blog) achei melhor alterar meus planos e trazer ao blog a mesma história, agora sem alguns detalhes, mas ainda mantendo o foco no ponto que pretenderia destacar ao final. (O post só não foi completamente apagado também em respeito aos leitores que já haviam comentado.)

Recapitulando, para os que não haviam lido o início da história: recentemente fui acordado no meio da madrugada pelo telefonema de um amigo, dizendo que tinha sido assaltado e que precisava de socorro. Ele tinha acabado de sair de uma “pequena festinha” e, ao caminhar para seu ponto de ônibus, foi abordado por um bandido que lhe assaltou.

A primeira violência que ele sofreu foi exatamente esta: o assalto. Imagino sua sensação de impotência ao ser ameaçado por uma arma, ser levado a um local ermo e ser machucado em troca do celular e da pouca grana que tinha no bolso. Enquanto me contava o acontecido, deu pra perceber nos seus olhos o medo da morte, um risco grande, por tão pouco. Entretanto, quando se pensa em um assalto, este tipo de sensações é algo de se esperar.

Já a segunda violência, esta sim foi inesperada e especialmente frustrante. Ao pedir socorro policial, ele ficou impressionado com o tratamento humilhante que lhe foi dispensado. Uma série de piadinhas, desrespeitos e tentativas de abusos. Imaginem que, dentre outros absurdos, ainda queriam obrigá-lo até a limpar o chão da delegacia enquanto esperava o registro da ocorrência!

Curioso é que as coisas mudaram completamente de figura quando ele mencionou sua formação profissional e questionou aos brutamontes se teria o mesmo tratamento, no dia seguinte, quando procurasse determinadas pessoas num determinado setor da corporação. Ao perceberem que lidavam com um sujeito que já passou uns bons anos no banco de uma faculdade e que tinha os contatos corretos, o tratamento foi outro. Acabaram as piadinhas e as humilhações. Em pouco tempo, meu amigo estava liberado.

De todo o acontecido, me chamou atenção o fato de que, para este meu amigo, mais revoltante que o a violência do assalto foram as humilhações sofridas nas mãos dos policiais e o fato de o tratamento dispensado variar brutalmente por conta da condição que você apresenta. É a constatação prática de que no Brasil há cidadãos de várias categorias, especialmente quando as pessoas se encontram em situação de necessidade extrema.

Enfim, de todo acontecido, restou uma lição, que quero compartilhar com minha meia dúzia de leitores. Numa situação semelhante, à frente de policiais tão despreparados (e até como forma de autodefesa), aqueles que puderem não deverão se intimidar em fazer uso do famigerado “você sabe com quem está falando?” (não necessariamente com estas mesmas palavras).

De fato, esta é uma conclusão triste e desanimadora. Não acho que esse tipo de postura seja legal ou ético. Contudo, se esta for a única maneira de garantir um tratamento digno, não hesitarei em usar este tipo de argumento. Intimamente, posso achar esta uma postura arrogante e prepotente, mas é melhor que agüentar humilhação das pessoas que deveriam de abrigar e defender.

quarta-feira, março 05, 2008

Post apagado

Por motivo de força maior, o texto deste post foi removido. Por favor, leia o post acima para os devidos esclarecimentos.
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