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domingo, setembro 09, 2007

Verdades e mentiras

Sobre a situação do post anterior, eu conversei com a minha amiga e a lesada nem tinha percebido a saia justa em que ela tinha me colocado. Disse que percebeu que eu estava puto no dia, mas achou que era só crise de ciúmes da amizade dela com a outra bicha, que estava pagando de homenzinho naquele dia, com abraços, beijinhos, etc.

Só depois da conversa que a ficha dela caiu, mas agora já é tarde, né? Para utilizar uma expressão de uma amiga dela, esclareci que o que ela fez me deixou “feio igual dragão”. Mas, tudo bem, bola pra frente, pois a vida continua.

Por falar em vida, nesta mesma semana fiz uma boa ação: fui doar sangue. E não foi pra ninguém em especial, mas sim como doador voluntário. Só não olhei em nenhum instante para a agulha, pois esse tipo de objeto penetrando o meu ser não me atrai em nada.

Menti descaradamente na entrevista anterior para não ser barrado. “Você já teve experiências sexuais com homens?” “Nãããããããooooooo!!!!” Menti sim, e para doar sangue mentirei quantas vezes forem necessárias. Tenho consciência das minhas práticas e faço exames todo semestre pelo Projeto Horizonte, então tenho certeza de que está tudo OK. Não sou irresponsável de querer arriscar a vida de alguém pelo que poderia ser um mero capricho meu. Não é o caso.

Engraçado que após a situação do post anterior poderia muito bem extrair uma “lição de moral”, do tipo “a mentira não vale a pena e a verdade é sempre o melhor caminho”. A situação da doação de sangue vem logo em seguida, para desmentir isso. Não que eu vá pregar a mentira como filosofia de vida, ou abraçar a máxima de que os fins justificam os meios. Não é nada disso.

Mas sou um ser humano cheio de falhas e defeitos como qualquer outro. Sempre tive um grande problema com minha imagem, o que é, na verdade, a razão de boa parte da minha terapia. Sempre fiz de tudo para ser certinho e “de tudo e mais um pouco” para parecer mais certinho ainda. Acontece que há algum tempo eu abdiquei da minha busca pela perfeição. Assumi um compromisso comigo mesmo de me permitir muito mais, até pra ajudar a colocar as minhocas no lugar quando elas esboçam alguma rebelião.

Por isso admito (ou diria talvez, confesso) pensar em adotar uma postura mais... er.... digamos... “flexível” com algumas verdades. Estou precisando disso para me sustentar sobre minhas pernas, que não se tornaram curtas, mas podem dar uma mancadinha vez por outra.

Aliás, sobre essa flexibilidade, este post é, para mim, um extremo de sinceridade. Mas já aviso aos remanescentes leitores deste blog que não esperem grandes revelações e relatos tortuosos daqui pra frente. Pois, seguindo os ensinamentos do ex-ministro Rubens Ricupero (aquele do escândalo da parabólica há uns 13 anos, no final do governo Itamar, cuja conversa com um repórter foi captada inadvertidamente por várias antenas no país inteiro), a regra é a de que “o que é bom a gente divulga e o que é ruim a gente esconde”.

Assim, se agora eu desço dois degraus no conceito de muita gente, pelo menos evito despencar ainda mais!

terça-feira, setembro 04, 2007

Cara de palhaço

Não suporto gente que vive reclamando. Do tempo. Da roupa. Da comida. Da vida. Principalmente da vida. Principalmente porque quem reclama da vida é, na maioria das vezes, o tipo de pessoa que não faz nada pra mudar a vida que tem. Nada, a não ser reclamar. O que , de fato, se é capaz de mudar alguma coisa, é apenas para pior. O que dá mais desculpa para reclamação...

E cá estou eu lutando pra não reclamar da minha vida que está melhorando muito. Mas tenho me tornado um insatisfeito comigo próprio. Volto hoje de um período de quinze dias de férias de um dos meus empregos, que tirei para me dedicar a meu escritório e colocar muitas coisas em dia.

Resultado: trabalhei mais do que o habitual, rendi menos do que esperava e não resolvi metade das coisas que esperava resolver neste período. Até porque, sinceramente, acho que não me esforcei tudo o que poderia ter esforçado. Enfim, não foram dias jogados no lixo, de forma alguma. Simplesmente, para mim, não foi satisfatório. E cá estou eu a reclamar...

Pra piorar, ontem aconteceu um episódio no qual me senti muito constrangido perto de uma irmã. Resumindo, há uma amiga mina que, para minha família, é como se fosse minha namorada. Nunca disse isso para eles, mas também nunca barrei esta "esperança". Confesso que algumas vezes até alimentei esta ilusão.

Pois bem, ontem me vi numa situação em que estávamos numa mesa de bar, além de outras duas pessoas: eu, minha irmã, esta amiga e um outro cara (também gay) pagando de homenzinho com esta amiga (abraçando, fazendo carinho, encostando, etc.).

Ficou muito feio pra mim ficar numa mesa em que minha suposta namorada (ou peguete, ou ficante, ou sei lá o que...) estava toda contente e cheia de intimidades com um outro sujeito, e eu com cara de paisagem!

Mas o pior de tudo é a consciência de que, durante muito tempo, eu alimentei esta ilusão aparentemente muito cômoda, mas tanto quanto perigosa. Paguei pelo risco e quebrei a cara. Fiquei com cara de corno, de besta, de otário, e a responsabilidade por isso tudo é minha mesmo, por fomentar uma mentira que me colocou nesta situação ridícula.

Poderia reclamar desta amiga? Não. Ela simplesmente agiu com a naturalidade e a espontaneidade de sempre. Gostaria que ela tivesse percebido a situação e cortado o sujeito, como que para defender a minha situação mesmo. Eu teria agido assim. Fiquei chateado com ela sim. Mas ela não tem obrigação nenhuma de alimentar esta minha mentira e eu não tenho como exigir nada dela também.

Poderia reclamar do sujeito? Não. Aliás, daquele lá (por sinal, o mesmo que mencionei há uns dois posts, que não teve quase ninguém presente no dia do aniversário) não espero nada de bom mesmo, nem tenho amizade para exigir qualquer tipo de colaboração.

Só posso reclamar de mim mesmo, por fomentar esta inverdade que me colocou nesta situação, repito, ridícula e constrangedora. Agora só falta saber se vou mudar de atitude ou vou continuar com tudo na mesma, sem poder fazer muito mais do que simplesmente reclamar.

Por essas e por outras não estou e suportando hoje.

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