Analitics

terça-feira, setembro 04, 2007

Cara de palhaço

Não suporto gente que vive reclamando. Do tempo. Da roupa. Da comida. Da vida. Principalmente da vida. Principalmente porque quem reclama da vida é, na maioria das vezes, o tipo de pessoa que não faz nada pra mudar a vida que tem. Nada, a não ser reclamar. O que , de fato, se é capaz de mudar alguma coisa, é apenas para pior. O que dá mais desculpa para reclamação...

E cá estou eu lutando pra não reclamar da minha vida que está melhorando muito. Mas tenho me tornado um insatisfeito comigo próprio. Volto hoje de um período de quinze dias de férias de um dos meus empregos, que tirei para me dedicar a meu escritório e colocar muitas coisas em dia.

Resultado: trabalhei mais do que o habitual, rendi menos do que esperava e não resolvi metade das coisas que esperava resolver neste período. Até porque, sinceramente, acho que não me esforcei tudo o que poderia ter esforçado. Enfim, não foram dias jogados no lixo, de forma alguma. Simplesmente, para mim, não foi satisfatório. E cá estou eu a reclamar...

Pra piorar, ontem aconteceu um episódio no qual me senti muito constrangido perto de uma irmã. Resumindo, há uma amiga mina que, para minha família, é como se fosse minha namorada. Nunca disse isso para eles, mas também nunca barrei esta "esperança". Confesso que algumas vezes até alimentei esta ilusão.

Pois bem, ontem me vi numa situação em que estávamos numa mesa de bar, além de outras duas pessoas: eu, minha irmã, esta amiga e um outro cara (também gay) pagando de homenzinho com esta amiga (abraçando, fazendo carinho, encostando, etc.).

Ficou muito feio pra mim ficar numa mesa em que minha suposta namorada (ou peguete, ou ficante, ou sei lá o que...) estava toda contente e cheia de intimidades com um outro sujeito, e eu com cara de paisagem!

Mas o pior de tudo é a consciência de que, durante muito tempo, eu alimentei esta ilusão aparentemente muito cômoda, mas tanto quanto perigosa. Paguei pelo risco e quebrei a cara. Fiquei com cara de corno, de besta, de otário, e a responsabilidade por isso tudo é minha mesmo, por fomentar uma mentira que me colocou nesta situação ridícula.

Poderia reclamar desta amiga? Não. Ela simplesmente agiu com a naturalidade e a espontaneidade de sempre. Gostaria que ela tivesse percebido a situação e cortado o sujeito, como que para defender a minha situação mesmo. Eu teria agido assim. Fiquei chateado com ela sim. Mas ela não tem obrigação nenhuma de alimentar esta minha mentira e eu não tenho como exigir nada dela também.

Poderia reclamar do sujeito? Não. Aliás, daquele lá (por sinal, o mesmo que mencionei há uns dois posts, que não teve quase ninguém presente no dia do aniversário) não espero nada de bom mesmo, nem tenho amizade para exigir qualquer tipo de colaboração.

Só posso reclamar de mim mesmo, por fomentar esta inverdade que me colocou nesta situação, repito, ridícula e constrangedora. Agora só falta saber se vou mudar de atitude ou vou continuar com tudo na mesma, sem poder fazer muito mais do que simplesmente reclamar.

Por essas e por outras não estou e suportando hoje.

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